Nas Trilhas da Leitura: 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra

Fale Conosco
O Dia da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de novembro. A data reúne diferentes ações de combate ao racismo e reacende o debate sobre a chegada dos negros ao país, a escravidão no Brasil e o racismo estrutural da sociedade.

Em 1978 ativistas do Movimento Negro Unificado (MNU) se reuniram em Salvador e acordaram que o dia da morte de Zumbi, 20 de novembro, seria celebrado como o Dia da Consciência Negra. A ideia era usar a data para relembrar a luta dos negros escravizados que se rebelaram contra o sistema escravista da época.

Além de ser uma homenagem e reconhecimento da luta de Zumbi dos Palmares e seus companheiros no quilombo, o Dia da Consciência Negra é fundamental para evidenciar as desigualdades e violências contra a população negra ainda existente em nossa sociedade. Para além de um momento festivo, a data proporciona a reflexão sobre o racismo e as suas implicações na atualidade.

Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A escolha da data é uma referência a morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes quilombolas do país.
Dicas de leitura em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. Obras disponíveis no acervo da biblioteca que possibilita uma reflexão sobre a inclusão do negro na sociedade brasileira.

Confira dicas de leitura:

- Em 'Olhos d’água' – Editora Pallas - Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta.

- Torto e arado – Itamar Vieira Junior – Editora Todavia. Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas – a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção.

- Úrsula – Maria Firmino dos Reis. Tancredo e Úrsula são jovens, puros e altruístas. Com a vida marcada por perdas e decepções familiares, eles se apaixonam tão logo o destino os aproxima, mas se deparam com um empecilho para concretizar seu amor. Combinando esse enredo ultrarromântico com uma abordagem crítica à escravidão, Maria Firmina dos Reis compõe Úrsula, um dos primeiros romances brasileiros de autoria feminina, em 1859. Por dar voz e agência a personagens escravizados, é vista como a obra inaugural da literatura afro-brasileira. Retrata homens autoritários e cruéis, mostrando atos inimagináveis de mando patriarcal e senhorial em um sistema que não lhes impõe limites.

Veja, também, outras dicas de escritores negros já publicados:

- Antologia poética – Cruz e Sousa. Conhecido como o introdutor do simbolismo no Brasil, Cruz e Sousa criou imagens transcendentes e subjetivas sem tornar sua poesia alienada da realidade: almejou uma “Arte pura” e ideal também como forma de contestar a segregação socioeconômica e racial. Seus versos podem parecer complexos à primeira vista, mas sua atualidade sensibilizará o leitor desta antologia. Organizados em três linhas temáticas, os poemas de Broquéis, Faróis e últimos sonetos foram reunidos de modo a facilitar a compreensão da grandeza do poeta.

- Heroínas negras brasileiras e, 15 cordéis – Jarid Arraes. Talvez você já tenha ouvido falar de Dandara e Carolina Maria de Jesus. Mas e Eva Maria do Bonsucesso? Luisa Mahin? Na Agontimé? Tia Ciata? Essas (e tantas outras) mulheres negras foram verdadeiras heroínas brasileiras, mas pouco se fala delas, seja na escola ou nos meios de comunicação. Diante desse apagamento, há anos a escritora Jarid Arraes tem se dedicado a recuperar ― e recontar ― suas histórias. O resultado é uma coleção de cordéis que resgata a memória dessas personagens, que lutaram pela sua liberdade e seus direitos, reivindicaram seu espaço na política e nas artes, levantaram sua voz contra a injustiça e a opressão. A multiplicidade de histórias revela as mais diversas estratégias de sobrevivência e resistência, seja na linha de frente ― como Tereza de Benguela, que liderou o quilombo de Quariterê ― ou pelas brechas ― como a quituteira Luisa Mahin, que transmitia bilhetes secretos durante a Revolta dos Malês. Este livro reúne quinze dessas histórias impressionantes, ilustradas por Gabriela Pires. Agora, cabe a você conhecê-las, espalhá-las, celebrá-las. Para que as próximas gerações possam crescer com seu próprio panteão de heroínas negras brasileiras.

- Clara dos anjos – Lima Barreto. Chamado pelos críticos "o romancista da primeira república". Lima Barreto foi um crítico feroz da vida carioca nesse período histórico. Clara dos Anjos é um romance póstumo, cuja elaboração levou mais de uma década. O assunto central da obra é o preconceito racial que o autor conheceu por experiência própria. Lima Barreto é um mestre da ironia e do sarcasmo, recursos que se adaptam com perfeição ao seu projeto literário de denúncia. Escrito em linguagem simples foge ao preciosismo retórico. Lima Barreto é um dos maiores escritores do pré-modernismo brasileiro (resumo da própria obra).

- Quarto de despejo: diário de uma favelada – Carolina Maria de Jesus. O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem a este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos.

 

Referência:

Dia Nacional da Consciência Negra.

Resumos retirados das próprias obras (livro físico), Editoras e páginas de livrarias virtuais. 

Voltar